sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ABRADES, uma senha para abrir as mentes e os corações!

Quando fui convidado a escrever uma mensagem para o sítio virtual da ABRADES fiquei pensando comigo, ruminando na alma: o que escrever para saudar a diversidade de um espaço de debates que tem a intenção de reunir tanta gente, das mais diferentes formações, desde eminentes e doutos educadores, os estudantes, os pesquisadores chegando até cidadãos e “navegantes” diletantes na grande Teia, todos de alguma maneira interessados nos temas da Educação Afetiva e Sexualidade?
Sei que nesse site haverá múltiplos acessos de muitos professores, estudantes, especialistas, agentes educacionais e cidadãos e cidadãs comuns, que buscarão ali informações, indicações, temas e sugestões para essa complexa área temática da Educação. Como apresentar um texto, uma mensagem que fosse marcante, acolhedora, num universo tão diverso, tão distinto, formado pela pluralidade de pessoas e idéias, experiências e esperanças?
Pensei primeiramente em colocar uma mensagem altruísta, vibrante, entusiasmada, sobre a educação e o papel proeminente do professor no processo histórico de emancipação afetiva e sexual. A fonte de minha mensagem seria a filosofia, a cultura da utopia, as reservas críticas e estéticas que mantemos em nosso estômago ontológico. Declinei rapidamente. Faltava-me também, em minha própria alma, certa reserva de entusiasmo e ufanismo. E a Filosofia não tem assim uma tradição tão acolhedora sobre a Sexualidade, sobre o corpo, embora esse tema tenha raízes atávicas no paradigmático O Banquete de Platão!
Pensei numa perspectiva radicalmente alternativa ou contrária. Meu pensamento logo apresentou a possibilidade de uma palavra de consolo, de apresentação de esparsos cenários positivos, permeado de cuidadosas palavras de alegria e de moderados votos de possíveis vitórias espetaculares. Um apelo militante, inspirado nas adequadas palavras de ordem, nas convicções de muitas batalhas já vencidas e nas promessas de aberturas de outras grandes trincheiras. Também deixei de lado esta possibilidade. Nem a beleza das congratulações nem o comedimento dos consolos convenciam a mim mesmo, muito menos seriam suficientes para a tarefa a que me propus: acolher e motivar!
Os livros, as belas palavras da utopia, o meu crescente entusiasmo pela educação não ofereciam a possibilidade de sustentar uma fonte segura. Eu não estava conseguindo extrair destas fontes a mística da cultura acumulada e nem delinear no horizonte político, um argumento motivador e cheio de luz!
Retomei então, minha suposta habilidade de fazer uma síntese. Queria mesmo evitar a indignação, queria ser um pouco mais leve do que tenho sido, queria abrir e esticar horizontes... Neste momento passaram pela tela de minha memória os tantos e quantos grupos e salas nos quais estive, dando aulas, palestras, conferências e oficinas, os auditórios e espaços de debates e relatos, nos tantos eventos que temos partilhado nestas lidas pela formação de professores nos últimos anos. Lembrei-me dos ciclos de palestras, dos congressos sobre Educação e Sexualidade, das inaugurações de sedes, sub-sedes e bibliotecas, dos cursos de Especialização, das disciplinas em tantos cursos de mestrado e doutorado com temáticas afins, no universo de tantos professores e professoras atentas ao que falávamos, no entusiasmo do apoio, por palavras e agradecimentos gestuais, ao final de cada palestra ou conferência que temos empreendido em 25 anos de luta por esse tema tão caro e tão fecundo: Educação Afetiva e Ética Sexual.
Percebi, num instante, que envelheci no contar dos anos, mas que nunca arrefeci nem me apartei do intento de lutar pela abordagem emancipatória, pela compreensão histórico-crítica dos estudos, temas e dimensões das concepções de Sexualidade e de Educação Sexual. E, para meu saudoso espanto, observei que cada vez mais se tornam atuais as bandeiras e palavras que tenho buscado defender na trincheira da educação e da formação de sujeitos emancipados e emancipadores no campo da Ética, da Sexualidade e Educação Sexual voltada para a humanização e autonomia. Longe de ser uma constatação um tanto narcisista, isto me deixou, de um lado entristecido, de outro, ansioso por encontrar outras pessoas para revitalizar a trilha, o sonho e a esperança, sobretudo na abertura dessa segunda década do terceiro milênio, tempo de plenas potencialidades para nosso campo temático e suas disposições pedagógicas e políticas.
Mas eu queria ainda encontrar alguma fonte outra inspiradora, algo que também a mim pudesse revitalizar e iluminar. E lembrei-me dos olhos brilhantes dos meus alunos e alunas em minhas salas de aulas, dos professores e professoras que tenho visto nos auditórios e cursos; de repente uma seara de uma miríade de olhares brilhantes iluminou a minha alma. Vi o quanto os meus alunos, os meus colegas e os tantos professores, mais ou menos conscientes desta tarefa, buscam encontrar motivações e releituras de suas opções e práticas, de suas convicções e esperanças!
Percebi a onda de energia que deriva do conjunto de professores que se articula ao redor das iniciativas generosas da ABRADES, a querida Associação Brasileira Para a Educação Sexual. Eu queria escrever o nome da ABRADES numa pedra, para lograr eternizá-la como inspiração, mas percebi que se fosse escrita nos corações e nas mentes das pessoas ficaria ainda mais forte! Como um imperativo, não um vocativo. Como um ordenamento existencial, não um simples apelo. Para ser lembrada, para igualmente lembrar que a vida é muito curta e temos que cuidar dela! Lembra-te sempre que a vida passa muito fugazmente, que as coisas são fugidias, que o que vale a pena é quase sempre invisível para os olhos, diria Exupéry.
E quis meu coração deixar uma outra marca na pedra: memento mori – dizia o ditado latino. Lembra-te que vais morrer, seria a tradução direta. Mas, para os que acalentam sonhos e utopias, para os professores que professam sua fé na ética e na estética da emancipação e da autonomia, a raiz do termo “professor” sempre é a mesma das dimensões de profecia e profeta, para os professores que professam a fé na vida, no ensino, na humanização, na cultura da paz e da solidariedade, na comunhão com a terra entre todos os viventes, no milagre da multiplicação da vida a expressão deve, necessariamente mudar, Memento Vivere - lembra-te que deves viver. E viver é mais do que gastar o tempo para prover necessidades, é sobreviver com sentido, com metas, imperativos éticos, estéticos, utopias, razões e paixões. Os professores são os medidores dos sonhos, os esticadores dos horizontes, os profetas das utopias. Lembra de viver, professor. Lembra que a vida é única, sagrada, absoluta, professora. E viver é amadurecer para o ser, sempre...
Foi isto que eu pensei e ousei deixar aqui. Educar Para o Amor, esse gênio entre Poros e Pênia, esse daimon que nos desaloja, que nos impulsiona, que nos humaniza!
Sejam bem-vindos ao Portal da ABRADES
                                                                                        César Nunes. Primavera de 2011.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mitologia e Primavera

No calendário da Ática e Hélade (regiões gregas) as estações e as festas religiosas, animistas e fetichistas, combinavam-se plenamente. Homero conta ( Hesíodo modifica um pouco a história) a genealogia dos deuses e faz a analogia desses deuses com as estações. Deméter era a mais bela esposa de Zeus, polígamo, e era sua quarta esposa. Deméter protegia os campos, estimulava as flores, motivava a reprodução dos animais, das plantas, enfim, era a Sustentabilidade em pessoa, digo, em divindade! O mundo era uma primavera só, o tempo todo! Zeus e Deméter tiveram uma linda filha: Perséfone, queridinha do papai, presenteada com dias lindos, ventos e aragens, mares e paisagens maravilhosas! Hélios, o sol, Zéphiro, Éolos (ventos) cortejavam essa linda jovem deusa e "puxavam o saco" de Zeus e Deméter, com a produção combinada de dias lindos, temperaturas amenas, maravilhas, enfim. O casal divino ficava todo cheio de si e ao ver Perséfone tocar a natureza e criar flores, fontes de água, rios, somente sorriam, dizendo: "Essa menina é levada, tão criativa!" e abençoavm o mundo fazendo a vida explodir de felicidades!
Mas, como adiantaria Drummond: " no meio do caminho tinha uma pedra!". Nem era pedra, era um deus furioso chamado Hades, senhor do Inferno (inferiora). Ele vivia nas profundezas e lá um dia saiu para tomar um arzinho e viu Perséfone, toda saltitante, tocando florzinhas aqui, esquilinhos acolá! Nem pensou duas vezes, pegou a moça e a levou para " o mundo de baixo, leia-se o INFERNO" e lá a prendeu, abobado pela beleza da mocinha!Deméter percebeu o sumiço da filha e perambulou pelo mundo à sua procura. Não achou! Nove meses, nove dias e nove noites! Não achou! Começou, então, a destruir as coisas, geadas, ventanias, queimadas, enchentes, abalou mesmo a senhora Deméter o rapto de Perséfone. Não achava mesmo.
Hélios, o sol, que vê tudo, bateu com a língua nos dentes: Foi o Hades, aquele safado! Zeus, então, resolveu agir: assuntou e viu onde estava Perséfone, desejou ir até lá, mas tinha receio de Hades, poderosão, senhor de seus territórios! E o pior, Perséfone tinha comido a fruta do bem e do mal, do amor e da ciência, que era a ROMÃ! E já não poderia voltar em definitivo, pois poderia revelar esses saberes ao mundo de cima! Pensou que pensou e fez um trato com Deméter, chorosa por causa da filha: ela passaria duas estações com o Hades, o seu marido Infernal(!) que seriam as estações do inverno e outono, quando então o mundo perderia sua beleza, vida, calor e cor! E outras duas estações o Tinhoso (leia-se Hades) a deixaria "subir" e ficar com sua mãe, Deméter: seriam as estações da PRIMAVERA e VERÃO! No primeiro dia da primavera (abril no hemisfério Norte, Setembro no Sul) celebrava-se as festas de Perséfone, um séquito de ninfas a seguiam verdejando os campos, tocando as flores, cutucando ( não gosto de cutucar) os esquilinhos! Era o monichion artemis. a festa de entrada da Primavera. Nesse dia Dioniso se libertava ( mas isso já é outra história, deixarei para outro dia!)
 César Nunes 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pontão da Leitura - Cesar Nunes - A Leitura como Horizonte




Indicamos aqui uma aula gravada do Prof. Dr. César Nunes, presidente da Abrades, pelo Projeto Pontão de Cultura e de Leitura de Campinas, coordenada pela militante da cultura e destacada educadora Neusa, em convênio do Ministério da Cultura, a UNICAMP e a NHL Produções.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre as contradições dos discursos sobre educação sexual

 É importante notarmos que existem inúmeras pessoas que são intituladas ou se denominam como educadores sexuais ou especialistas em sexualidade humana. Porém, há que pensarmos que tipo de Educação Sexual essas pessoas fazem e que interesses os movem verdadeiramente? 
Alguns são movidos pelo dinheiro, outros pela fama, outros fazem do "pseudo" discurso de estarem realizando uma educação sexual responsável, emancipatória, lamentavelmente muitos utilizam esse trabalho como uma maneira de ocultar suas próprias dificuldades em lidar com sexualidade ou quem sabe uma forma de buscar respostas às suas próprias patologias.
Mas o discurso e as atitudes se contradizem por si só. Divulgar "informações" que estimulam o comércio de produtos "eróticos" é contribuir para a consolidação da sexualidade mercantil, que transformou o sexo em produto a ser comercializado (corpos, lamentavelmente são vendidos desde os primórdios). É incrível como mercado sexual consegue seduzir até mesmo as pessoas que se dizem mais esclarecidas. Educadores sexuais que tenha com objetivo uma verdadeira educação sexual afetiva, emancipatória, crítica, responsável e ética jamais dariam espaço em seus "trabalhos" para de forma alguma para de certa maneira acabar por divulgar sites de relacionamento ou infidelidade e eventos de cunha comercial. É lamentável. Há uma enorme distância entre sensualidade e banalidade, entre erotismo e pornografia. Além do contributo à libertinagem e à mecanização do ato sexual, em vez de humanizá-lo e qualificá-lo. Pena que muitas pessoas não conseguem enxergar o pano de fundo de alguns "profissionais" que atuam com a sexualidade nesse país.
E os discursos vão se contradizendo... Muitos educadores sexuais dizem promover uma educação sexual responsável, que vise a emancipação, acabam por divulgar e promover a sexualidade mercantil, um discurso pós-moderno de sexualidade está no pano de fundo, hedonista, liberal, consumista, "pornográfico", virtual, senso comum, banal. Um modelo de educação sexual burguesa e pós moderna tem imperado neste sentido. Um bom exemplo deste modelo de educação sexual burguês são aqueles que ganharam espaço na mídia. Há quem acredite que "nunca os jovens foram tão "informados" sobre sexo como agora", realmente sobre o ato sexual em si, sobre prazer momentâneo, sobre a parte operacional (posições sexuais, etc) eles realmente encontram muitos espaços que veiculam isto, desde jornais, revistas, TVs, rádios, os programas estilo "talking show" (perguntas e respostas) mas que contribuem em sua maioria para difundir o modelo de educação sexual burguês pós moderno, usando o imperativo da "liberdade" e uma falsa bandeira de igualdade. A verdadeira liberdade exige responsabilidade  ética, estética, corporal, afetiva e também sexual. Exige respeito à privacidade, ao prazer, ao Amor, à diversidade humana, seja ela racial, sexual, social... E essa liberdade termina onde começa a liberdade do outro. Estimular a vivência da sexualidade mercantil, pornográfica, virtualizada e uma liberdade meramente sexual, não é uma prática de educação afetivo sexual crítica e emancipatória. A verdadeira igualdade e liberdade sexual implica em direito à educação, à uma luta política pautada nos direitos universais, de cidadania, de inserção no mercado de trabalho com igualdade de acesso e remuneração, em autonomia, em dignidade, ser livre vai muito além de viver uma sexualidade "livre", é viver uma sexualidade consciente! 
Enfim, vivemos numa sociedade democrática e com liberdade de expressão e cada pessoa pode defender e expressar o que deseja. Mas um educador sexual que busca realmente emancipar, não deve divulgar "informações" que promovem exatamente o oposto do que dizem "defender".  As ações não podem ser diferentes do  discurso. Parafraseando Paulo Freire "Coerência é a menor distância entre aquilo que eu penso, falo, e faço". Enfim... o que realmente é promover uma educação afetivo-sexual crítica e emancipatória?
Breve esclareceremos a vertente que acredita, vivencia, defende e promove a Associação Brasileira de Educação Sexual que atua de maneira ética, política e busca promover uma educação sexual  que verdadeiramente promova a vivência qualitativa, responsável e emancipatória da sexualidade humana.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Escola apresenta o sexo de forma técnica


A informação científica não muda um comportamento baseado em hormônios”, diz o presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual, Cesar Nunes. Livre docente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de livros sobre o tema, ele afirma que é preciso incluir afeto e responsabilidade na abordagem. “É isso que os estudantes esperam.”
A maior dificuldade é a falta de preparo do professor para lidar com o assunto. Apesar de a educação sexual ser oficialmente um tema transversal – a ser tratado por todos os educadores – desde os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, não faz parte da formação docente. “Não se discute mais se deve ou não falar de sexualidade nas escolas, mas nas faculdades de licenciatura ainda não se aborda o assunto”,

Cesar Nunes, da Associação Brasileira de Educação Sexual, explica que esses sentimentos precisam ser trabalhados com os adolescentes. "As dúvidas sobre o corpo vão existir desde os 3 anos de idade e devem ser respondidas com informações e sem estigma. Na adolescência, a garotada precisa de apoio para lidar com a avalanche de emoções que os cercam. Eles precisam saber que sexo envolve afeto e responsabilidade."

Veja a reportagem ao portal IG, com a entrevista do Prof. Dr. César Nunes, presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sexualidade Feminina: resistência das mulheres ao uso do preservativo

Entrevista concedida pela Vice-Presidente a ABRADES à Rádio CBN de São Paulo, Programa o Fato em Foco, com Roberto Nonato.

I Parte da Entrevista



II Parte da Entrevista



Importante acrescentarmos que  o surgimento da camisinha em si não é nenhuma novidade, pois há muitos séculos, têm se procurado métodos contraceptivos, inicialmente com o objetivo de  Na de evitar a gravidez indesejada e claro as doenças sexualmente transmissíveis. Diversas  a fórmulas foram sendo testadas, na Ásia por exemplo, eles utilizavam um envoltório de papel de seda untado com óleo.

No entanto, foi na Idade Média, com a disseminação das então denominadas doenças venéreas  (DST´s) na Europa que tornou especialmente necessária a invenção da camisinha. Foi em 1564,que  o anatomista e cirurgião Gabrielle Fallopio criou uma camisinha que era um forro de linho do tamanho do pênis e embebido em ervas. Que posteriormente, eram embebidos em soluções químicas (pretensamente espermicidas) e depois secados.

Mas, foi só no século XVII, que o Dr. Quondam, indignado com o número de filhos ilegítimos do rei Carlos II da Inglaterra (1630-1685), inventou um protetor feito com tripa de animais. O ajuste da extremidade aberta era feito com um laço, o que, obviamente, não era muito cômodo, mas o dispositivo fez tanto sucesso que há quem diga que o nome em inglês (condom) seria uma homenagem ao médico. Outros registros indicam que o nome parece vir mesmo do latim "condus" (receptáculo).  Esta  "camisinha-tripa" foi inclusive utilizada até 1839, quando Charles Goodyear inventou o processo de vulcanização da borracha, tornando-a flexível a temperatura ambiente. Embora nesta época, os preservativos de borracha eram grossos e caros e por isto lavados e reutilizados diversas vezes.

Foi no ano de 1880, que efetivamente surgiram as camisinhas de látex, que foram evoluindo a partir do desenvolvimento de novos materiais.

Mas é importante dizer que o uso da Camisinha no Brasil se deu especialmente a partir de alguns marcos históricos que consolidaram a disseminação do uso da camisinha, inicialmente  a revolução sexual da década de 1960, depois o boom da AIDS na década de 1980.

E hoje, verificamos uma geração que está cada dia mais deixando de usa o preservativo, mesmo diante de uma realidade em que o número de DST´s e AIDS cresce cada dia mais. Lamentável!

Há que se ressaltar também que a descoberta a pílula anticoncepcional pode ser considerada um marco da revolução sexual de 1960, e também  em termos de saúde pública, planejamento familiar e comportamento sexual no Brasil, e um marco essencial para a liberdade sexual e emancipação das mulheres, ao permitir que pudéssemos dissociar a ideia de sexo apenas como reprodução, e controlar o processo reprodutivo, trazendo um novo olhar e conceito sobre a sexualidade, e propiciando que as relações sexuais pudessem ser mantidas apenas pela busca do prazer.  Com o surgimento da pípula surge a efervescência do movimento hippie com o Amor livre, e do avanço dos movimentos feministas.

Até então vivíamos ainda o auge de uma geração fruto pleno da sociedade machista patriarcal, para muitos homens a pípula representou o não controle que eles acreditavam ter sob  a fidelidade feminina. Mas é preciso pensar que a pípula também abriu espaço de certa forma para o não uso do preservativo, visto que nesta época a maior preocupação em relação ao sexo era o controle reprodutivo.

Ainda hoje, muitas pessoas se esquecem que a pílula anticoncepcional apenas evita uma gravidez não planejada mas não te preserva de contrair AIDS ou outras DST´s.  A utilização da pípula por si só não exclui a necessidade e a importância do uso do preservativo.

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

Nota do Presidente da ABRADES, Prof. Dr. César Nunes sobre o Dia Internacional da Mulher
Em 08 de março de 1857 um grupo de mulheres operárias numa fábrica de tecidos organizava uma greve por direitos iguais, salários dignos (elas recebiam um terço do que era pago aos homens), redução da jornada de trabalho (trabalhavam até 16 hs por dia). Foram duramente reprimidas. Foram cercadas no galpão da fábrica e queimadas por um incêndio cruel e criminoso. Em 1910 se definiu o 08 de março como o dia de luta pelos direitos da mulher. Em 1975 essa data foi assumida pela ONU. Não é uma data de comemoração, no sentido estrito. É uma data de reflexão, de avanço de consciência e organização de gênero. É uma data política de retomada da causa original, de produção de memória e de avanço jurídico, cultural e social. O capitalismo e seus tentáculos  arquetípicos, patriarcais, machistas, hedonistas e consumistas tem lutado para recalcar, olvidar, desconhecer o sentido original de 08 de Março. E tem a mídia, o marketing e o senso comum titanicamente lutado para alterar o sentido desse dia, mudando-o para uma variação sincrética que reúne sensos conservadores que articulam um tanto do piegas e consumista dia das mães,  do exotérico e medíocre dia da secretaria e um relativo apelo sentimentalóide genérico. Aceitar esse sentido é matar outra vez a memória política das 130 mulheres  operárias americanas carbonizadas em 1857. Significa fagocitar o sentido para negar a causa.
Video com a fala da Vice-Presidente da ABRADES, Profa. Dra Cláudia Bonfim, publicados em seu Blog Pessoal sobre Sexualidade Feminina na sociedade capitalista
 
 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sexualidade no Carnaval

Com a palavra a vice-presidente da Abrades: Profa. Dra Cláudia Bonfim...



Entrevista da vice-presidente da ABRADES, Profa. Dra Cláudia Bonfim, á rádio CBN de Campinas sobre Comportamento no Carnaval. Cliquem nos áudios e confiram!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

ÉTICA, SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO.

 Com a palavra o Presidente da Abrades, César Nunes...
ÉTICA, SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO.
César Nunes
           
            Sinto-me demasiadamente feliz por escrever essa mensagem de abertura de nosso espaço de divulgação institucional da ABRADES. Tenho visto, acompanhado e  registrado a trajetória de recuperação de nossa laboriosa e valente entidade de defesa e promoção da Educação Sexual Emancipatória. E, na qualidade de presidente dessa militante instituição social, a ABRADES, socializo nesse portal de saudação uma mensagem a todos os interessados numa concepção de educação afetiva e de formação ética sobre sexualidade embasadas em ideais científicos, democráticos e emancipatórios.
            A educação sexual é uma parte integrante da formação humana. Hoje já reconhecemos a superação de estigmas e tabus que impediam a abordagem da sexualidade na escola. As décadas recentes (1970-2010) não somente superaram as marcas do preconceito e da interdição como criaram abordagens e elementos institucionais para a compreensão e formação de uma ética sexual na escola. A própria legislação brasileira, no tocante à regulamentação e proposição de conteúdos para a educação e a escola aprovou nos anos 1996 e 1997 a nova LDB (Lei 93934/96) e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Nessa regulamentação e Orientação Sexual passou a ser um dos temas a serem abordados na educação básica, em suas múltiplas e diversas dimensões e identidades, de modo a reunir informações científicas e orientações éticas que garantissem aos educandos a compreensão subjetiva de sua identidade e fosse capaz de orientar suas escolhas sexuais e afetivas.
            A análise da sexualidade humana, isto é, a intenção de desvendar os múltiplos e profundos sentidos que se encerram na dimensão da sexualidade, para ser conduzida de maneira crítica e científica, por um lado, mas igualmente próxima e presente no mundo da vida, por outro, torna-se uma das tarefas mais exigentes e complexas da educação afetiva e formação ética de nosso tempo. Significa buscar tomar distanciamentos para ver a sexualidade em sua construção cultural, histórica e política, mas igualmente guardar as dimensões subjetivas, pessoais, idiossincráticas.
            As Ciências Humanas, especialmente, são ciências que se completam na  multidisciplinaridade, pois  partimos  sempre  da consideração de que o foco central de todas as abordagens e conhecimentos diversos é, nuclearmente, o homem e sua ação histórica, social, política, ética. Assim, trabalhar a sexualidade humana como objeto teórico, quase sempre, para melhor cumprimento dos propósitos de globalidade e radicalidade na análise, é recomendável ao investigador uma instrumentação na amplitude pluralista destas mesmas ciências, visto que não se julga suficiente  e eficaz a tentativa de  circunscrever o homem e sua ação histórica em processos restritivos ou deterministas, como à biologia, por exemplo.
            Tomamos aqui o alcance do que se circunscreve sobre o conceito de "sexualidade", no sentido antropológico amplo, como dimensão ontológica basilar do que se define como próprio do ser humano. A experiência educacional que acumulamos nos autoriza a buscar diferenciar, conceitual e metodologicamente os termos "sexo" e "sexualidade". No senso comum o termo “sexo” diz respeito, genericamente, à marca biológica e procriativa do seres vivos. Confunde-se esta dimensão biológica com o conceito de sexualidade, que, a nosso ver, é muito mais abrangente e específico, por referendar uma qualidade, um adensamento de sentido sobre o sexo biológico e ser somente atribuído aos seres humanos em sua luta e processo cultural histórico. Todavia, se a palavra "sexo" diz respeito a uma dimensão estritamente procriativa, restrita a uma interpretação naturalista, já a palavra e o conceito de "sexualidade" nos remete imediatamente para o mundo da cultura ou da amplitude cultural histórica da ação humana. Sexualidade significaria, portanto, uma "qualidade do sexo", no sentido de uma intencionalidade, uma dimensão qualificante e ampliadora da definição instintivo-biológica estreita. A abordagem da Biologia configurou uma dimensão estritamente reprodutiva, acentuada por determinantes genéticos e tornou-se quase incapaz de explicitar, no conceito de sexo, as dimensões existenciais e culturais. Já a concepção de sexualidade que assumimos nesse artigo tem a conotação de uma qualidade que se faz humana, que incorpora os componentes biológicos e a variação evolutiva da espécie humana, mas busca atingir significações culturais e existenciais muito mais exigentes. Diz VASCONCELOS:
“(...) tudo isso faz da sexualidade humana o que ela pode ser: uma descoberta, uma elaboração, uma busca. Um peso que a estrutura como um existencial, como uma dimensão do ser-no-mundo do homem, posto que não nos referimos a uma sexualidade animal, sem história e sem cultura, mas à sexualidade enquanto imersa na temporalidade, nela recebendo sua revelação vivencial, suas formalizações conceituais, sua expressão estética, seu tratamento moral e social. [1]
            Neste sentido, somente o ser humano é dotado de uma "sexualidade", pois os animais e o mundo material dos seres vivos que conseguiram, através de sua evolução biológica, a dimensão da reprodução sexual, estariam circunscritos ao mundo natural biológico. Na realidade, para definirmos um caminho ou projeto de compreensão da sexualidade como dimensão humana e social, primeiro torna-se necessário uma apreensão crítica de nossa trajetória histórica, isto é, compreender os movimentos e  modelos  hegemônicos  da  sexualidade,  na  tradição   ocidental. É certo que os modelos hegemônicos não esgotam a análise da sexualidade. Pelo contrário, abrem novas pistas de investigação sobre as sexualidades negadas, interditas, proibidas. Somente uma apropriação histórica e social  da  sexualidade  humana  nos permite  compreendê-la  como  dialética,  isto  é, dinâmica, construída a partir das contradições políticas e econômicas, antropológicas e sociais.
            E, conquanto se defina como construção histórica, é igualmente a sexualidade adensada de nossas marcas individuais, subjetivas, pessoais. Entendemos a sexualidade como dimensão híbrida, como tensão entre os processos de hominização e humanização. Daí a necessidade de pensarmos a dimensão da educação afetiva para a compreensão e apropriação de uma ética sexual emancipatória, conceber uma Educação Sexual como uma re-construção das teias e projetos que temos sobre o ser do homem. A sexualidade é a busca mesma da estética e da política significativa e plena da existência.
"Educação sexual é poder abrir possibilidades, dar informações sobre os aspectos fisiológicos da sexualidade, mas principalmente informar sobre as suas interpretações culturais e suas possibilidades significativas,  permitindo  uma tomada lúcida de consciência. É dar condições para o desenvolvimento contínuo de uma sensibilidade criativa em seu relacionamento pessoal. Uma aula de educação sexual deixaria então de ser apenas um aglomerado de noções estabelecidas de biologia, de psicologia e de moral, que não apanham a sexualidade humana naquilo que lhe pode dar significado e vivência autênticas: a procura mesmo da beleza interpessoal, a criação de um erotismo significativo do amor. Uma educação estética cobriria perfeitamente essa lacuna. Afinal, quando uma educação sexual conseguisse efetuar a passagem de uma motivação pornográfica da sexualidade para uma motivação em que a busca da beleza sensível fosse um estimulante mais poderoso que a obscenidade, ela já teria colocado as bases necessárias para que o indivíduo, daí por diante, resolvesse humanamente sua sexualidade"([2]).
            Esta "resolução" de que trata VASCONCELLOS, N. não pode ter um caráter soteriológico ou fetichista, de modo a fazer crer que haja um sentido pronto, determinado, preconcebido, sobre nossas vidas. É necessário outra vez lembrar a precariedade destas construções humanas, do próprio ser do homem, da realidade  do  mundo  como  um  todo. A renovação destas experiências de buscas fundantes de si talvez seja o mais forte apelo da possibilidade humanizadora do discurso da sexualidade. Nossa intervenção como educadores, na gama de discursos e intervenções sociais, é uma das possibilidades de entabular um diálogo ético entre gerações e engendrar novas utopias, a serem arduamente materializadas em lutas reais, sem o ranço da onipotência dogmática ou a covarde complacência do egoísmo descompromissado.
            Nossa ação no campo da educação sexual emancipatória é estratégia para a ação política sobre nosso tempo. Esta será tão mais eficaz quanto maior for sua qualidade de sensibilizar pessoas, sentidos de mundos e coisas que andam ao nosso redor, e será capaz de relativizar outros universos de apelo, pela sua verdade e coerência. Só poderá tratar com ressonância no coração de crianças, adolescentes, jovens e adultos, sobre sentidos de ser a educação que abdicar do dogmatismo e do ceticismo, e na sua ação prática, manifestar uma crença pujante na liberdade e na humanidade. Isto requer que façamos a crítica do idealismo e do subjetivismo fácil, para delinear utopias concretas, onde elas apresentam-se com eficácia e viabilidade histórica. 
            Mitologias negativistas e fantásticas repercutem profundamente na sociedade de massas. Hobsbawn, um dos grandes historiadores de nosso tempo, credita ao século XX a guinada violenta nas direções originais, no sentido de origem, propostas pela modernidade. E apresenta o sujeito histórico dessas mudanças, as forças produtivas e as relações de produção do capitalismo vitorioso. Todavia, a despeito dessa marcha vertiginosa, a contradição nodal aparece sempre, em sua trágica desumanidade. Um século de mudanças estruturais na economia e na política, rearranjos de interesses das sociedades e grupos hegemônicos e o trágico quadro, de outro lado, de um saldo de sofrimento e perdas para a grande maioria dos homens. Depois de um ciclo de prosperidade, dos anos 1940 aos 1970, chamado por Hobsbawn de Era de Ouro, estaríamos vivendo uma experiência transitiva para uma sociedade e economia consumista, individualista, atemporal ou ahistórica, presentista e egóica. No mundo da globalização as desigualdades sociais aumentaram na crescente divergência entre o mundo rico e o mundo pobre que se tornou cada vez mais evidente a partir da década de 1960.  
            O progresso econômico aconteceu à custa da “deterioração ecológica”, da “padronização do desejo de consumo” e da “tecnologização da vida cotidiana” e no “desemprego em massa”, pois “os seres humanos só eram essenciais para tal economia num aspecto: como compradores de bens e serviços”. O que proporcionou tudo isso foi a substancial reestruturação e reforma do capitalismo e um avanço bastante espetacular na globalização e internacionalização da economia. A Era de Ouro “democratizou o mercado”- afirma peremptoriamente Hobsbawn. Como conseqüência desse processo avassalador estamos vivendo uma portentosa mudança cultural. A revolução cultural de fins do século XX pode assim ser mais bem entendida como o triunfo do indivíduo sobre a sociedade, ou melhor, o rompimento dos fios que antes ligavam os seres humanos em texturas sociais coletivas e institucionalizadas: comunidade, família, estado, nação etc. Vivemos uma crise universal e global, que tem com causa fundamental a transnacionalização da economia mundial, criada na “Era de Ouro”, idéia esta que suplantava e solapava os regimes e sistemas de Estados nacionais.  Além da crise econômica e política é salutar destacar, para uma consciência de nosso tempo, a crise moral e social, a proliferação da descrença em relação às conquistas modernas das teorias racionalistas e humanistas. Não se trata de uma singular crise moral e social “não era a crise de uma forma de organizar sociedades, mas de todas as formas”.  Nessa abissal lacuna a descompressão sexual, o hedonismo, a virtualização de formas tecnologizadas de erotismo, a pansexualização da violência e a explosão erótica produzem uma nova dieta sexual: mecânica, genital, quantitativa, deserotizada, performática, egoísta, descompromissada afetivamente e incapaz de criar laços recíprocos. Trata-se de um consumismo sexual. Essa é a nova forma da repressão sexual, pois a sexualidade reprimida é aquela na qual não há sujeitos livres e esclarecidos, são objetos de uma determinação ideológica ou autoritária. Se a repressão, até bem pouco tempo atrás, era de natureza negativista, hoje ela se traduz em sua expressão impulsionadora da sexualização de todas as dimensões do mundo da vida. Todavia, tanto numa quanto noutra, quando a pessoa não se torna o sujeito das condutas e atos, reconhece-se a repressão sexual.
            Encontramo-nos com jovens e crianças ansiosos por saber de si, de seu mundo, perguntavam sobre sexo ou sobre sexualidade, mas tinham por suporte uma pergunta muito maior, que é aquela que perscruta sobre o mundo e o sentido que podemos dar a ele. Esta intervenção é mais fundante do que quaisquer outras que um adolescente  pode  perceber,  a  de  resgatar  a  capacidade  de ser sujeito e a de amar.
            Registra ainda nosso interlocutor HIGHWATER:
"O erotismo não é sexo bruto, mas sexo transfigurado pela imaginação (...) A derradeira conseqüência da rebelião erótica será o desaparecimento do erotismo e daquilo que foi a sua mais sublime e revolucionária invenção: a idéia do amor" ([3]).
            Desta perda do amor sabemos todos, alienação do trabalho, do desejo e do mundo humano. A dessacralização abrupta de todas as esferas da vida humana, de que nos fala WEBER, M. (1864-1920), surge como um fenômeno que atinge também e dilacerantemente a sexualidade. Não somente da necessidade de dominar, de fazer a contabilidade desta dominação e de reacender marcos de controle, mas também para exorcizar-se de si mesma, eximir-se de culpa e supostamente re-significar-lhe os contornos e seu alcance. Michel FOUCAULT nos interpela com o fenômeno da incitação à fala do sexo, como forma ambígua e polívoca de "catarsys" e dominação, ao afirmar:
"Mas, por volta do século XVIII nasce uma incitação política, econômica, técnica, a falar do sexo. E não tanto sob a forma de uma teoria geral da sexualidade mas sob forma de análise, de contabilidade, de classificação e de especificação, através de pesquisas quantitativas ou causais. Levar "em conta" o sexo, formular sobre ele um discurso que não seja unicamente o da moral, mas da racionalidade, eis uma necessidade suficientemente nova para, no início, surpreender-se consigo mesma e procurar desculpar-se ([4]).
            Se observarmos tantas linhas interpretativas, algumas delas tão exigentes que suspendem nosso próprio discurso, como recriar uma utopia para esta forma de intervenção? Precisamente neste ponto limitamos o alcance da ciência, para adentrarmo-nos no campo ético e político. Só a ação política  e a educação afetiva para a proposição de uma ética sexual emancipatória nos porá de novo como construtores de uma nova rede de significação para a vida e sociedade humana. A Ética e a Política eram, desde Aristóteles, as ciências práticas que deveriam pautar o caminho racional para a felicidade.
Bibliografia.

ADORNO, Theodor Educação e Emancipação, Paz e Terra, São Paulo, 1995.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1989.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: Ed. da UNB, 1985.
ENGELS Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Rio de Janeiro: Ed. Vitória, 1981.

FREUD, Sigmund, O Futuro de Uma Ilusão, Editora Imago, Rio de Janeiro, 1997.
MARCUSE, Herbert. Eros e Civilização. 8. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1981.
MARX, Karl. Escritos de Juventud. México: Ed. Fondo de Cultura Economica, 1987.

NUNES, C. A Desvendando a Sexualidade, Editora Papirus, Campinas, 2010, 7ª Edição.
______________ A Educação Sexual da Criança, Autores Associados, Campinas, 2006.
SARTRE, J. P Esboço de Uma Teoria das Emoções, Zahar editores, Rio de janeiro, 1965.

SILVEIRA, Paulo e DORAY, Bernard. Elementos para uma Teoria Marxista da Subjetividade. São Paulo: Ed. Vértice, 1989.




[1]  VASCONCELOS, Naumi. OS DOGMATISMOS SEXUAIS. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1971, p. 3.
[2]. Ibidem, p. 111.
[3]. Idem, p. 185.
[4]. FOUCAULT, M. op. cit. p. 26-27.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ABRADES

A ABRADES - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO SEXUAL é uma entidade ou organização civil de direito privado, sem fins lucrativos, tem como Presidente o Prof. Dr. César Nunes (FE-UNICAMP/PAIDÉIA) e como vice-presidente a Profa. Dra. Cláudia Bonfim (PAIDÉIA/UNICAMP - FACULDADE DOM BOSCO).
 Congrega educadores, professores, profissionais e interessados no tema Educação Sexual e na pesquisa e atuação no campo da Sexualidade Humana. Fundada em 1996, reúne filiados e entidades parceiras em todo país. Defende a Escola, como espaço de uma intervenção institucional na organização e constituição de uma ética e uma identidade sexual humanizada, esclarecida, responsável, saudável, subjetivamente assumida e socialmente integrada.
 Defende que a Sexualidade seja concebida em sua dimensão ontológica, como expressão da condição humana, significado subjetivo e ético, político e cultural, da vivência do sexo.
 Busca superar a concepção meramente biológico-descritiva dos aparelhos reprodutores e uma operacionalização médico-higienista de Educação Sexual. 
A ABRADES atua com pesquisas e projetos a partir de uma perspectiva emancipatória, científica e sensibilizatória.
O substrato teórico da proposta da ABRADES tem como eixo as teses de mestrado e doutorado de seus fundadores, a saudosa Profa Dra Edna Silva e a tese de Doutorado do Prof. Dr. César Nunes (UNICAMP, 1996) e hoje também tem como texto referencial a tese de Doutorado da Profa. Dra. Cláudia Bonfim. Um dos textos pioneiros nesse campo foi o livro denominado “Desvendando a Sexualidade” (1987), que hoje é  referência para os educadores que trabalham a educação sexual.
 A ABRADES defende uma educação afetiva sexual com cuidados éticos, estéticos e políticos e valoriza o respeito á diversidade sexual através de uma investigação política, cultural, filosófica e histórica e pedagógica da temática, buscando tirar dessa nossa identitária dimensão os pesos culturais repressivos e propor novas significações para a vivência qualitativa, prazerosa e afetivamente responsável de nossos desejos e necessidades.