sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre as contradições dos discursos sobre educação sexual

 É importante notarmos que existem inúmeras pessoas que são intituladas ou se denominam como educadores sexuais ou especialistas em sexualidade humana. Porém, há que pensarmos que tipo de Educação Sexual essas pessoas fazem e que interesses os movem verdadeiramente? 
Alguns são movidos pelo dinheiro, outros pela fama, outros fazem do "pseudo" discurso de estarem realizando uma educação sexual responsável, emancipatória, lamentavelmente muitos utilizam esse trabalho como uma maneira de ocultar suas próprias dificuldades em lidar com sexualidade ou quem sabe uma forma de buscar respostas às suas próprias patologias.
Mas o discurso e as atitudes se contradizem por si só. Divulgar "informações" que estimulam o comércio de produtos "eróticos" é contribuir para a consolidação da sexualidade mercantil, que transformou o sexo em produto a ser comercializado (corpos, lamentavelmente são vendidos desde os primórdios). É incrível como mercado sexual consegue seduzir até mesmo as pessoas que se dizem mais esclarecidas. Educadores sexuais que tenha com objetivo uma verdadeira educação sexual afetiva, emancipatória, crítica, responsável e ética jamais dariam espaço em seus "trabalhos" para de forma alguma para de certa maneira acabar por divulgar sites de relacionamento ou infidelidade e eventos de cunha comercial. É lamentável. Há uma enorme distância entre sensualidade e banalidade, entre erotismo e pornografia. Além do contributo à libertinagem e à mecanização do ato sexual, em vez de humanizá-lo e qualificá-lo. Pena que muitas pessoas não conseguem enxergar o pano de fundo de alguns "profissionais" que atuam com a sexualidade nesse país.
E os discursos vão se contradizendo... Muitos educadores sexuais dizem promover uma educação sexual responsável, que vise a emancipação, acabam por divulgar e promover a sexualidade mercantil, um discurso pós-moderno de sexualidade está no pano de fundo, hedonista, liberal, consumista, "pornográfico", virtual, senso comum, banal. Um modelo de educação sexual burguesa e pós moderna tem imperado neste sentido. Um bom exemplo deste modelo de educação sexual burguês são aqueles que ganharam espaço na mídia. Há quem acredite que "nunca os jovens foram tão "informados" sobre sexo como agora", realmente sobre o ato sexual em si, sobre prazer momentâneo, sobre a parte operacional (posições sexuais, etc) eles realmente encontram muitos espaços que veiculam isto, desde jornais, revistas, TVs, rádios, os programas estilo "talking show" (perguntas e respostas) mas que contribuem em sua maioria para difundir o modelo de educação sexual burguês pós moderno, usando o imperativo da "liberdade" e uma falsa bandeira de igualdade. A verdadeira liberdade exige responsabilidade  ética, estética, corporal, afetiva e também sexual. Exige respeito à privacidade, ao prazer, ao Amor, à diversidade humana, seja ela racial, sexual, social... E essa liberdade termina onde começa a liberdade do outro. Estimular a vivência da sexualidade mercantil, pornográfica, virtualizada e uma liberdade meramente sexual, não é uma prática de educação afetivo sexual crítica e emancipatória. A verdadeira igualdade e liberdade sexual implica em direito à educação, à uma luta política pautada nos direitos universais, de cidadania, de inserção no mercado de trabalho com igualdade de acesso e remuneração, em autonomia, em dignidade, ser livre vai muito além de viver uma sexualidade "livre", é viver uma sexualidade consciente! 
Enfim, vivemos numa sociedade democrática e com liberdade de expressão e cada pessoa pode defender e expressar o que deseja. Mas um educador sexual que busca realmente emancipar, não deve divulgar "informações" que promovem exatamente o oposto do que dizem "defender".  As ações não podem ser diferentes do  discurso. Parafraseando Paulo Freire "Coerência é a menor distância entre aquilo que eu penso, falo, e faço". Enfim... o que realmente é promover uma educação afetivo-sexual crítica e emancipatória?
Breve esclareceremos a vertente que acredita, vivencia, defende e promove a Associação Brasileira de Educação Sexual que atua de maneira ética, política e busca promover uma educação sexual  que verdadeiramente promova a vivência qualitativa, responsável e emancipatória da sexualidade humana.

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